Entrevista com o presidente da Caldense: Rovilson Ribeiro faz balanço do ano de 2020

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Rovilson, quais foram as principais melhorias realizadas no clube na sua gestão?
Participo da diretoria executiva desde 2017, inicialmente como vice-presidente do Sr. Toninho. Na época enfrentamos várias dificuldades de ordem financeira, mas fomos trabalhando e sanando tudo, a nível de banco, plano de saúde de funcionários até gradativamente ir recuperando a sede social com vários investimentos. Fizemos melhorias nas quadras esportivas, troca do piso das quadras de todos os esportes, reforma do Piano’s Bar, pintura em geral, remodelação do RH e muitas outras coisas. Quando assumi a presidência em 2019, dei sequência no planejamento que havia sido traçado. Conseguimos trocar o revestimento das piscinas, refazer o escoamento de água, reparo geral do esgoto e reforma das saunas. Depois enfrentamos um período difícil de pandemia, reduzimos de forma gradativa as mensalidades, mas ainda assim conseguimos concluir a obra de ampliação da academia, que já está toda paga. E ainda trocamos o piso do hall de entrada e a fizemos a reforma do Café Galeria.

O que você feito de diferente em termos de planejamento financeiro para que em um curto período de tempo fossem feitas tantas melhorias?
Quando se fala em fazer planejamento financeiro é comum que se pense só no dinheiro. Mas não acredito que seja só isso. O planejamento vem da organização de todos os setores, seja no social e no futebol, para conseguir economia de recursos a serem realocados. É importante registrar que todas as melhorias que foram feitas desde 2017 foram com recursos provenientes das taxa de manutenção. Nós nunca fizemos uma chamada de capital. E nesse período de pandemia, tivemos uma redução nas mensalidades que nos gerou uma diminuição próxima a dois milhões de arrecadação. E ainda assim conseguimos fazer todas as reformas, com tudo pago, mantendo o quadro de funcionários trabalhando. Tudo com o apoio da diretoria, do comprometimento e ideias dos colaboradores e o do conselho, que têm feito um trabalho excepcional ajudando a administração.

De que forma você analisa os resultados do futebol profissional?
Passamos por uma transformação no futebol. Na Série D de 2019 fechamos uma parceria com um grupo de empresários do interior de São Paulo e fomos muito bem, a melhor campanha entre 68 times do Brasil na primeira fase. Depois não conseguimos superar o Ituano por alguns erros de arbitragem. Mas o trabalho foi bom e mantivemos a parceria. Na pré-temporada para o Campeonato Mineiro 2020 houve muita desconfiança após sofrermos uma goleada do São Paulo, que machucou, mas a partir desse momento tomamos um rumo melhor e tivemos um bom desempenho no estadual. Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, conseguimos a quarta colocação, uma vaga para a Copa do Brasil, que é importante pela projeção nacional e pelos recursos financeiros oferecidos, e garantimos vaga para a Série D de 2021. Depois disputamos a Série D 2020, essa participação não foi legal. Perdemos jogadores importantes do elenco, que receberam propostas melhores de outras equipes e tivemos que remontar o time durante a competição. Inicialmente o desempenho foi ruim, temos que ser sinceros, o nosso torcedor viu. Perdemos jogos de maneira desastrosa. E é muito dolorido para a gente que está à frente do clube passar por isso, não é o que projetamos. Mas fomos trabalhando, nos recuperamos, porém não conseguimos a classificação. Houve erro de arbitragem na penúltima rodada que nos prejudicou, mas não foi somente por isso que não conseguimos a classificação. Serve de aprendizado. Temos que melhorar para o próximo ano e já estamos colocando em prática todo um planejamento. Nossa meta é ficar entre os quatro no Mineiro, avançar pelo menos uma ou duas fases na Copa do Brasil e chegar à Série C.

Quando a parceria foi estabelecida a intenção era diminuir o custo do futebol e ainda assim ter um time competitivo e bons resultados em campo. Na prática de quanto foi a economia?
A parceria nos trouxe economias na parte salarial e também em outras questões administrativas internas. Recebemos críticas pesadas da imprensa, talvez por ser algo novo, mas vamos seguir adiante. Conseguimos economizar pelo planejamento. Essa economia é importante pois os recursos que recebemos não mudaram e ainda são pequenos. Temos uma verba da televisão e alguns patrocínios. Hoje gastamos cerca de 35-40% a menos do que gastávamos anteriormente e temos apresentados bons resultados, o que é muito significativo. E além disso estamos mantendo uma base da equipe, para dar continuidade ao trabalho.

Alguns sócios questionam que os bares/lanchonetes do clube dão prejuízo. Qual a explicação para isso?
O bar é apenas mais um setor do clube. Não podemos analisar os setores individualmente, mas sim o clube como um todo. Se formos analisar assim a academia dá prejuízo, as saunas dão prejuízos. A função do nosso bar é diferente da função dos demais bares da cidade. Ele não visa lucro. A gente tem que oferecer bebidas e porções de qualidade a preços acessíveis, como uma prestação de serviço aos associados. Os produtos são comercializados quase que a preço de custo, com uma margem de lucro muito pequena, para apenas suprir as despesas que temos. Como por exemplo na questão dos eventos, quando realizamos shows e bailes, contratamos bandas e funcionários extras.

Qual a responsabilidade de dirigir um clube tão importante como a Caldense e o que vai levar de experiência para seu segundo mandato, já que foi reeleito?
Sou associado desde antes de nascer, meu pai já tinha título da Caldense. Frequentei o clube na adolescência e juventude. Fui estudar fora e depois quando voltei comprei um título e participei de alguns conselhos, mas a vivência do dia a dia eu não tinha. Quando se está de fora, a visão é deturpada de como é o procedimento. Quando assumi como vice e acompanhei de perto, aprendi como é o trabalho do presidente do clube. Foi como um estágio para depois ter condições de assumir em 2019. É uma função difícil, que envolve muita coisa. Equilíbrio, parte emocional, parte financeira, tem que lidar com muita gente e é preciso fazer tudo com muita responsabilidade.

Quais são seus objetivos, projetos e sonhos para a Caldense até o final do seu mandato, em dezembro de 2022?
No social a meta é dar sequência às melhorias no clube. Pretendemos implantar energia fotovoltaica, que irá proporcionar muitos benefícios. Porém é um investimento alto e temos que fazer com muita calma. Queremos fazer um novo bar na piscina, colocar novos equipamentos na academia e muitas outras coisas. No futebol queremos manter o time em um bom nível no Campeonato Mineiro, sempre conquistar vaga para a Copa de Brasil e avançar o máximo possível, pois entra uma boa receita. E levar o time à Série C. Se conseguirmos isso será uma alegria enorme. No futebol tudo é muito dinâmico. De repente conquistamos o acesso à Série C e já no outro ano subimos para a Série B. Quem sabe? Algo importante também é que estamos nos organizando para implantar uma categoria de base Sub-20. Está bem arquitetado e esperamos conseguir colocar em prática já em 2021. Acredito que se tivermos uma categoria de base bem organizada, com captação de recursos de fontes externas iremos colher excelentes frutos no futuro.