Arthur Borelli: a vida no esporte e a construção de um legado

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O paulista Arthur Borelli sempre foi apaixonado por esportes. Mas a perda dos pais o obrigou a trabalhar desde cedo para vencer na vida. Isso o afastou de sua paixão e acarretou problemas pessoais, que o fizeram repensar seu estilo de vida. Desse momento em diante, o esporte serviu como uma válvula de escape e proporcionou um reinício em sua rotina. Foi o principal combustível para formar um atleta, que se consagrou e agora inspira a sociedade.

Arthur Borelli pratica vários esportes. Entre eles natação, ciclismo e corrida (Fotos: Divulgação)
Arthur Borelli pratica vários esportes. Entre eles natação, ciclismo e corrida (Fotos: Divulgação)

Arthur, como quase todo garoto, nasceu com o sonho de ser jogador de futebol, mas aos 12 anos encontrou, na natação, sua principal experiência de vida. “Na água eu pude entender, mesmo jovem, o quanto o esporte poderia agregar na formação da minha personalidade. Pilares como respeito, dedicação, resiliência e muitos outros foram construídos braçada após braçada”.

Essa história teve início de forma singular. Ainda no início da adolescência, perdeu os pais. Com isso, seus tios o colocaram na natação para que pudesse ocupar um espaço fora da rotina escolar. “A natação tomou conta da minha vida, mais do que a própria escola em alguns momentos. Esse foi o único ponto negativo, mas trouxe um grande aprendizado: equilíbrio. Pelo fato de não ter os pais, precisei ganhar a vida um pouco mais cedo. Aos 16 anos, eu estava entre lutar pelo índice brasileiro de natação e pagar as contas de casa. Sem opção, larguei a natação e comecei a trabalhar na área de marketing”.

Naquela época, em 2003 e 2004, o marketing digital dava seus primeiros sinais de crescimento. Arthur deixou o esporte de lado para poder se dedicar à nova carreira. “Com isso ganhei mais de 20 quilos e até um princípio de síndrome do pânico devido à grande pressão que a carreira me impôs. Percebi que estava indo para um caminho errado e decidi retomar as atividades esportivas. Usei isso como uma válvula de escape, buscando apenas algo para descarregar a adrenalina e ansiedade diária. Após três ou quatro anos, passei a ter um estilo de vida muito mais agradável, senti o prazer de praticar esportes novamente e tive uma boa visão de negócios na área de comunicação digital. Notei que poderia fazer disso tudo um universo só: esporte e negócios”.

A partir desse momento, Borelli, como é mais conhecido, passou a dividir sua vida em três pilares: o atleta, o palestrante e o empresário. “Atualmente conduzo o meu lado atleta de uma forma estratégica, colocar muitas vezes a razão na frente da paixão, otimizo meus treinos e tudo mais. Através de palestras motivacionais, compartilho minhas experiências do mercado sobre o quanto o esporte pode agregar na vida de cada um. Seja uma criança sem um futuro trilhado ou um executivo de grande sucesso. Costumo colocar uma meta de tornar a vida de pelo menos uma pessoa da plateia mais equilibrada e feliz. Paralelamente a isso, encontrei no marketing esportivo e no processo pedagógico esportivo (ligado à grandes nomes do esporte nacional e mundial) uma forma de viver profissionalmente, proporcionando às novas gerações algo que na minha infância ainda não existia, no Brasil”.

O esporte virou definitivamente um estilo de vida e passou a motivar Arthur a completar desafios cada vez maiores “Minha paixão sempre foi nadar, mas correr também tomou grandes proporções na minha vida. Não sou nadador, nem corredor, nem triatleta. Prefiro me classificar simplesmente como atleta. Atleta desde sempre. Não importa se estou correndo no parque, na rua, no deserto ou no meio do mato. Tampouco se estou nadando na piscina, no mar ou em água de degelo, pedalando nas montanhas ou onde quer que seja. Da corrida de 5km ao Ironman, dedico sempre o mesmo respeito, intensidade e consequentemente felicidade em poder estar ali vivendo o esporte. Quanto mais diferente, para mim é melhor. Tenho muita vontade de aprender a jogar tênis também, mas isso é mais para frente (risos)”.

Entre tantas competições, o multi-esportista conseguiu se destacar e se superar várias vezes. “Tive algumas conquistas no Campeonato Paulista de natação, que na época era até mais forte do que o Brasileiro. Quando migrei para o triatlo, me saí bem em campeonatos de Sprint e Olímpico mas vejo como principais conquistas minhas participações em dois Ironman’s completos e oito meio Ironman’s, sendo um deles mundial, o qual tive a felicidade de conquistar a vaga e competir em 2017. Corri a Maratona no Deserto mais seco do mundo que é o Atacama, fui o primeiro atleta da América Latina (juntamente com minha dupla de prova) a competir no mundial de SwinRun, modalidade que ainda não chegou a ser praticada por aqui. Foram oito horas de prova cruzando oito lagos em águas que estavam com a temperatura entre 6 e 10ºC e subindo e descendo 9 trechos de montanha, para um total de 48km de corrida e quase 7km de natação. Recentemente participei da famosa prova Rei e Rainha do Mar, no Rio de Janeiro, que também foi um desafio e tanto ao longo dos mais de 10 quilômetros nadando no mar, em Copacabana, exigindo muita força física e preparo psicológico”.

Todas essas conquistas enchem o atleta de orgulho, o faz querer chegar à lugares cada vez mais distantes e inspirar cada vez mais pessoas. “Enquanto estou praticando esporte, suando a camisa, sentindo o coração bater forte, sou o cara mais feliz do mundo. O desejo maior neste momento é que esse sentimento não acabe. Por isso busco desafios cada vez mais longos! (risos). Muitas vezes me privo até de coisas sociais, em função do esporte. Tudo o que tem bônus, tem ônus. Hoje minha mulher tem um papel muito importante na busca por esse equilíbrio e faz com que o fato de correr uma maratona no deserto ou nadar em agua quase congelada, seja um fator de motivação para todas as pessoas. Tento superar esses desafios para mostrar às pessoas que todos também podem sair de qualquer situação de comodidade, depressão, tristeza e que o esporte é uma ferramenta incrível para isso”.

Poços de Caldas e a Caldense agora fazem parte da rotina de treinos do atleta paulista. “A cidade está virando cada dia mais o quintal de casa. Através da minha mulher, natural de Poços, ganhei uma família gigante aqui e que me apoia em tudo. Vibram com cada treino e conquista. A Caldense, com a estrutura que tem, é excelente para que eu possa seguir os treinos sem perder o ritmo e a cidade tem um clima muito bom. Saio para correr quase todos os dias, uso o bastante o Parque Municipal para treinar específicos, as avenidas e estradas para correr e pedalar e o clube para manter a parte aquática”.

Para o futuro, Borelli segue com o sonho de pregar os valores esportivos por onde passa. “O esporte me ensinou a viver e ser feliz, isso resume tudo. Todas as lições que o esporte me proporcionou, seja em um dia especial ou em uma adversidade absurda, me fez crescer muito. Se eu puder desenvolver algo para Poços, para a Caldense, onde eu consiga tocar a vida de uma criança e vê-la utilizando o esporte como ferramenta para a vida e se tornar alguém diferente lá na frente, serei um cara muito mais feliz”.