35 anos de Caldense: Luisão relata a evolução na parte burocrática do futebol

por

Luís Antônio Sebastião, conhecido por Luisão, chegou à Caldense em 1976. Na ocasião como auxiliar de Edson Carmelito. Cerca de seis anos depois foi promovido a supervisor de futebol, função que exerceu no clube até 2007. Depois foi se dedicar a outros projetos e retornou à Veterana em 2017, para exercer o mesmo cargo, onde permanece até hoje. No total são 35 anos de serviços prestados ao clube.

O posto de supervisor de futebol exige muita responsabilidade. São várias demandas de trabalho. A principal delas é lidar com a parte burocrática, contratos, documentação e registro de atletas. Mas também é preciso supervisionar, em conjunto com outros departamentos, a parte de mantimentos, cozinha, materiais, equipamentos, alojamento, campo, logística de viagens, hotéis, etc. É muita coisa envolvida.

Em entrevista para a assessoria de comunicação do clube, o supervisor relembrou sua trajetória. Ao longo de três décadas e meia de trabalho na Caldense, Luisão presenciou a evolução de diversos setores relacionados à sua função. A que mais facilitou seu serviço foi a implantação de um sistema online para registro de jogadores.

“Antigamente era preciso redigir o contrato na máquina de escrever em papel carbonado, para sair duas vias. Tinha que juntar a documentação, atestado médico, assinatura e levar tudo pessoalmente em Belo Horizonte.  Depois dar entrada na Federação Mineira, pegar os documentos e viajar até o Rio de Janeiro para fazer o registro na CBF. Às vezes era necessário ficar um ou dois dias lá aguardando. Posteriormente tinha que retornar à capital mineira e protocolar tudo, para que os atletas tivessem condição de jogo” – comentou Luisão.

Mas com o passar dos anos o procedimento ficou mais fácil, ainda mais em situações que exigem maior urgência. “Hoje é tudo online. Você faz o upload dos documentos, gera boletos e paga as taxas tudo pela internet. Facilitou bastante e terminaram as viagens. Na época íamos de ônibus para Belo Horizonte. Saíamos a noite de Poços, viajávamos a noite inteira e chegávamos lá de manhã para esperar FMF abrir no início da tarde. Depois corríamos para pegar outro ônibus para o Rio e às vezes voltávamos para BH até de avião, para adiantar” – completou Luisão.

Nesse período, o Campeonato Mineiro da primeira divisão chegou a ser realizado com 24 clubes em turno/returno e jogos às quartas e domingos. “Quando os dirigentes estavam em busca de reforços, era comum viajar para assistir jogos. Hoje existe acesso fácil a várias partidas e competições através de streaming, transmissão de TV e vídeos na internet. Há uma rapidez na velocidade da informação. Algo que acontece do outro lado do mundo em segundo ficamos sabendo aqui”.

Outra mudança foi a criação de um sistema virtual para a pré-súmula, documento entregue à arbitragem e autoridades da partida com o nome dos integrantes do time relacionados para o jogo. “Antigamente a gente pegava a documentação dos jogadores, escrevia o nome dos atletas em um papel timbrado do clube e apresentava ao delegado do jogo. Atualmente é gerado um arquivo padronizado através do site da CBF” – comentou.

Um dos grandes benefícios em se trabalhar por muitos anos no mesmo cargo é o fato de ir estabelecendo contatos profissionais. E um dos diferencias de Luisão é possuir um excelente relacionamento com entidades e clubes. “Ter bom relacionamento é essencial em qualquer atividade. No futebol o tempo de trabalho vai trazendo a facilidade de estabelecer contato com diferentes pessoas. Quando vamos jogar ou treinar em determinado local passamos a conhecer os profissionais do clube e isso vai se estendendo. Criamos um bom relacionamento e amizade com pessoas que aprendemos a admirar e respeitar. Isso facilita a dinâmica de trabalho” – disse.

Luisão acompanhou grandes momentos da Caldense. Certamente é uma das pessoas que mais presenciou jogos, já que sempre frequentou as partidas em Poços e em outras cidades. “Lembro com muito carinho de 1985, quando tivemos a felicidade de retornar à primeira divisão, depois do rebaixamento em 1984. Foi uma alegria enorme, uma das mais marcantes”.

Trabalhar em um clube quase centenário como a Caldense exige uma responsabilidade muito grande. “A Caldense está entre os grandes do futebol mineiro e até mesmo do futebol brasileiro, pela estrutura que tem e pela maneira séria que as diretorias conduzem o clube. Isso aumenta a responsabilidade de todos nós que estamos aqui”.

“A Caldense foi e é minha vida. Hoje já estou com uma certa idade e um percentual muito grande da minha vida foi dedicado à Veterana. Meu desejo é sempre colaborar no dia a dia para o crescimento do clube. Acho que a Caldense tem muito potencial para se projetar. Meu sonho é ver o time pelo menos na Série B do Brasileiro. É um lugar que a Caldense merece estar. Espero ter a alegria de ver isso. E ajudar a fazer isso acontecer”. – finalizou Luisão.