O último domingo ficará marcado na história do esporte poços-caldense: A Veterana representou a cidade no Campeonato Mineiro de Handebol e conquistou um de seus maiores feitos, trazendo para Poços de Caldas o troféu de campeã do torneio.
Ser campeão exige mais do que a experiência da técnica e a dominação das táticas dentro da quadra. Ser campeão exige sentir a lealdade vinda de quem está ao seu lado durante sua jornada. Se o companheiro transmite a confiança necessária para depositar nele a sua fé durante o confronto, atingir o seu objetivo e conquistar títulos é questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde, o triunfo virá…
E a equipe de handebol da Caldense teve conhecimento disso durante todos os campeonatos disputados desde a reativação da modalidade no clube. Em especial, dois irmãos que compartilham o mesmo sentimento de representar o clube da cidade.
Conrado e João Pedro competem juntos no handebol desde 2017, e foram fundamentais no título do Campeonato Mineiro deste ano. Um servindo de inspiração para o outro, apenas acrescentaram ainda mais entrosamento na campanhas da equipe desde a volta da Veterana para a modalidade, sendo dois nomes indispensáveis no elenco. Ambos conversaram com o departamento de marketing da Veterana e detalharam a sua relação dentro do esporte:
Compartilhar momentos bons ou ruins sempre ajuda de alguma forma a fortalecer a relação. Como foi trilhar essa jornada do Campeonato Mineiro – tanto nas derrotas de outros anos, como nessa conquista – ao lado do seu irmão?
João Pedro: Acho que é muito gratificante poder partilhar esses momentos com meu irmão, sendo que a derrota nos deixa mais forte emocionalmente, nos preparando para as próximas temporadas e poder ver nós dois crescendo dentro do esporte é uma experiência incrível.
Conrado: Poder acompanhar meu irmão mais novo no esporte é muito gratificante. Tivemos bons momentos dentro e fora de quadra ao longo desses anos. Foram muitas viagens, muitas histórias juntos. Durante o campeonato, presenciei jogos que ele jogou muito bem e outros que, por vários motivos, não desempenhou tudo que é capacitado. Mas é muito interessante estar ao lado dele nesses momentos. Porque eu sempre estarei lá quando ele precisar de mim.
Conrado também destacou que o Campeonato Mineiro foi muito significativo para o seu irmão, e relembrou um momento em que um erro individual dificultou a vitória da equipe, porém, serviu apenas como motivação para os embates seguintes. “Ano passado, em um jogo do Campeonato Mineiro, ele “perdeu” a última bola do jogo, no qual tivemos alta probabilidade de não classificar. Lembro que ele se lamentou bastante. Mas esse ano ele se mostrou diferente. Mostrou que se desenvolveu, amadureceu no jogo, e desempenhou um excelente handebol na final. Fez 12 gols e foi considerado o “MVP” da decisão. Ele precisava disso. Sagrou-se como uma redenção. E eu acompanhei de perto”, disse o irmão mais velho.
Quando você está dentro de quadra, olha pro lado e vê o seu irmão jogando com você, o que passa normalmente pela sua cabeça?
João Pedro: Eu vejo um ponto de segurança, e referência dentro de quadra, tentando ao máximo usar as qualidades e habilidades únicas que ele tem.
Conrado: Quando estou em quadra e vejo meu irmão jogando, me traz muita felicidade. Porque estamos em família. Pra mim, família tem um significado muito forte. E é um motivo de orgulho para nós e para a nossa família estar defendendo as cores da Caldense.
De que forma o seu irmão te ajuda a ser um melhor jogador, dentro e fora de quadra?
João Pedro: Ele sempre foi uma voz com mais experiência pra mim, além de jogar a mais tempo, ele conquistou dentro do esporte muito mais que eu, sendo um espelho pra mim. Ao ponto que observo que ele é literalmente uma meta pra mim, tentando chegar ao nível dele, e com isso obrigatoriamente me ajuda a ser um melhor jogador.
Conrado: Procuro a todo tempo ser um exemplo pro João Pedro dentro e fora de quadra. Converso com ele dentro de quadra sobre as jogadas, táticas, erros, acertos, mas fora de quadra também sei que preciso dar um exemplo como um irmão mais velho.
Questionados sobre os momentos marcantes entre eles no campeonato, Conrado relembrou que quase ficou fora dos jogos da finais. Porém, conseguindo participar, ouviu uma frase de seu irmão que lhe fez acreditar ainda mais na união dos dois.
“Me lembro bem que ele me mandou uma mensagem preocupado se eu conseguiria ir ou não. Eu disse que não iria. Entretanto, de última hora consegui ir para Muriaé e me lembro de quando ganhamos o primeiro jogo contra o time de Paraopeba, ele chegou perto de mim e disse ‘Viu?! Nós precisávamos de você aqui. Você é importante para o time.’ Naquele momento ficou claro que eu e o João Pedro temos um elo muito significativo, de família, de irmão”.
Se você pudesse “pegar emprestada” uma característica ou um ponto forte do seu irmão dentro de quadra, qual seria?
João Pedro: Um ponto forte só é sacanagem, queria pegar alguns! Mas se pudesse pegar apenas um, seria facilmente a habilidade de fazer passes para meu companheiro com maestria igual ele faz. Essa qualidade dele eu acho fenomenal, a capacidade de achar um companheiro livre da marcação com os passes que ele faz.
Conrado: Se eu pudesse pegar uma característica de dentro de quadra do meu irmão seria a sua capacidade de ouvir e se adequar àquilo que o técnico ou outros companheiros de time pedem.
O que o seu irmão significa pra você, não apenas dentro do esporte, mas em todas as outras áreas da sua vida? Se for possível, depois defina ele em UMA palavra.
João Pedro: Meu irmão pra mim é referência, não é atoa que comecei a jogar handebol por causa dele, me influenciou também a cursar Direito na Puc Minas, praticamente um espelho e um amigo que posso contar pra qualquer coisa a qualquer momento! E uma palavra para resumir ele seria claramente: Leal!
Conrado: O João Pedro significa pra mim o exemplo de bondade, exemplo de pessoa calma, mansa e meu irmão mais novo. Pra mim, a definição do João Pedro em uma palavra: mansidão.
Os dois atletas são filhos do sócio João Carlos de Oliveira, o querido ‘Packito’, e ele foi um dos principais responsáveis por inserir os irmãos no esporte. “Tive uma vida atuante dentro do futebol, campo, salão, society… No campo atuei em equipes amadoras, disputando campeonatos regionais por diversas cidades, entre elas, Alfenas, Carmo do Rio Claro, Alterosa, Cabo Verde, Monte Belo, Guaxupé. Sempre que possível levava os meus filhos para assistirem. Este exemplo despertou neles a paixão pelo esporte. Estive sempre presente, apoiando e incentivando a prática de esportes. Sempre acreditei que o esporte atrai coisas boas, ajuda na formação de cidadãos e afasta qualquer tipo de desvio para coisas negativas”, disse Packito.
Além dos dois, o irmão Gabriel também fez e continua fazendo parte da trajetória esportiva da família. “Sinto profundo orgulho dos meus filhos, Conrado, João Pedro e Gabriel. Os três sempre praticaram esportes, principalmente o handebol. Eles sempre estiveram unidos, nas derrotas e nas vitórias. A dedicação, o esforço coletivo e a vontade de serem campeões, sob o comando do Kadão, foi fundamental para essa conquista invicta e inédita de campeões de Minas Gerais”, destacou Packito.
Por fim, ao ser pedido para resumir a união dos irmãos em apenas UMA palavra, Packito pediu licença para definir a relação deles em uma frase. Frase esta que sintetiza o sentimento de amor e conexão originado na família e carregado para dentro das quadras. Frase esta que irá encorajar os três nos momentos de euforia ou nos momentos de abatimento. Frase esta que ilustrará cada uma das conquistas dos irmãos ao longo da vida, sejam elas dentro ou fora do esporte:
“Irmãos Amoreli Sempre Juntos”.
Texto: Guilherme Simões/Caldense
Fotos: Reprodução/Instagram/João Carlos de Oliveira