Uma verdadeira relíquia. A camisa original utilizada por Pelé no dia do amistoso contra a Caldense em 06 de março de 1974 foi localizada. A camisa foi autografada e entregue após o jogo para Ricardo Alvisi, filho do radialista Lázaro Walter Alvisi e ficou guardada por 48 anos. Ela está sendo exibida pela primeira vez ao público.
“Estava lotado o Cristiano Osório, porque todo mundo queria ver o jogo. Eu tinha 14 para 15 anos e fiquei perto dos vestiários. O Pelé foi substituído após uma cobrança de escanteio e quando ele saiu eu pedi a camisa para ele na entrada do vestiário. Ele me entregou, pois sabia que eu era filho do Lázaro Walter Alvisi, o Lólo, e autografou a camisa. E guardo ela a sete chaves como lembrança até hoje”, contou Ricardo.
A lendária camisa nunca foi lavada, está exatamente como era no instante em que Pelé deixou o gramado do estádio naquela noite chuvosa de quarta-feira. Possui marcas do jogo, manchas de barro e guarda o suor do Rei. Inclusive, por conta da umidade do tecido, o maior jogador de todos os tempos teve dificuldades para autografar a camisa. Mas é possível ler o escrito: ‘Do amigo Edson Pelé’.
“Chovia demais no jogo, por isso ela está suja de barro, marcas do gramado e até do suor do próprio Pelé. Então ela foi enquadrada desse jeito. Até a caneta esferográfica azul utilizada para o autógrafo precisou ser passada várias vezes para escrever as letras e mesmo assim ficou meio apagado”, lembrou Ricardo.
Pelé já havia estado em Poços em 1958 durante a preparação da Seleção para a Copa da Suécia e quando retornou à cidade, 16 anos depois, foi entrevistado por Lázaro Walter Alvisi. “É uma satisfação muito grande voltar aqui a Poços de Caldas depois de uma grande ausência, mas é sempre um prazer. Em 1958, quando eu iniciava aquela caminhada para tudo isso que aconteceu em minha vida, foi aqui o início”, disse Pelé.
A partida entre Santos e Caldense foi um combinado como parte do pagamento da venda do lateral-direito alviverde Luiz Carlos Beleza ao alvinegro praiano. “Foi muito legal. Isso deu um fluxo de caixa muito grande para o clube e eu ganhei 15% do passe. O estádio lotou, estava uma chuva forte e mesmo assim a torcida compareceu. Infelizmente o Santos ganhou de 1 a 0, gol de Adílson, mas a Caldense fez um grande jogo”, lembrou Luiz Carlos, que acompanhou a partida na arquibancada.
E se algum colecionador ficar interessado pela histórica camisa, pode esquecer. O artefato tem um grande valor simbólico para a família de Lázaro Walter Alvisi, que narrou os jogos da Veterana por décadas. “A recordação da história é muito mais bonita do que qualquer coisa. Não troco, não vendo, não dou e não empresto”, disse Ricardo.
A camisa ficará exposta no hall de entrada da sede social da Caldense até o dia 20 de janeiro. Associados e visitantes podem comparecer em horário comercial no local, situado na Rua Pernambuco 1145 em Poços de Caldas-MG, para conferir a relíquia de perto.
Texto e fotos: Renan Muniz
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