Neste sábado às 19h, a Caldense encara o Tombense pela terceira rodada do Campeonato Mineiro. O Almeidão, estádio da equipe de Tombos-MG, está passando por reformas e tendo sua capacidade ampliada. Com isso, o confronto será em Muriaé, cidade a cerca de 60 km de Tombos, no Estádio Soares de Azevedo.
A cidade foi palco de um jogo histórico da Caldense. Em 1971, depois de ter sido eliminada nos pênaltis pelo Atlético de Três Corações na briga pelo acesso à elite do futebol mineiro, a Veterana foi direcionada para disputar uma repescagem contra o Nacional de Muriaé.
O duelo foi marcado em dois jogos para o início da temporada de 1972. O primeiro em fevereiro em Muriaé, no antigo Estádio Soares de Avezedo (Brazão), e o segundo em Poços, em março, no Cristiano Osório. O objetivo alviverde era chegar à primeira divisão do estadual pela primeira vez em sua história.
“O primeiro jogo foi uma guerra tremenda. Um calor insuportável na base de 40 graus. E nós jogadores saímos de Poços com o pensamento único de conquistar um resultado favorável para que pudéssemos decidir em casa. Conseguimos milagrosamente segurar um resultado de 0 a 0”, lembrou o zagueiro Buzuca.
O jornal Gazeta do Sul de Minas enalteceu o empate sem gols no jogo de ia. “Para os torcedores que foram a Muriaé e, mesmo os que acompanharam pelo rádio, o empate teve gosto doce e inconfundível sabor de vitória”. Na semana seguinte, o confronto em Poços definiria a equipe classificada.
“A cidade se movimentou de uma maneira fantástica, como nunca antes visto. Recordo bem que o jogo era às 15 horas e às por volta das 14 horas já não cabia mais ninguém no estádio. E a Caldense fez uma partida fantástica. Nós conseguimos, juntamente com a nossa torcida, vencer por 2 a 0”, disse Buzuca.
“No final do jogo, eu nunca vi uma festa esportiva tão grande. De uma cidade que vivia carente do futebol profissional. Uma festa espetacular. Começou no estádio e rodou todo o centro da cidade. Comércio aberto até altas horas da noite. E para nossa felicidade, conseguimos pela primeira vez o tão sonhado acesso à elite do futebol mineiro”, completou Buzuca.
“Serginho inaugurou o marcador e explodiu a torcida. O gol deu ainda mais ímpeto para a equipe, que foi ao ataque, levando constante perigo para a meta adversária. No final Ganzepe de forma sensacional encerrou o marcador e liquidou qualquer pretensão do Nacional. Agora a Caldense, com vaga garantida na principal divisão, passa a aguardar grandes jogos que virão”, escreveu o jornal Gazeta do Sul de Minas.
A conquista foi crucial para a profissionalização definitiva do departamento de futebol alviverde e abriu portas para diversas façanhas futebolísticas nos anos seguintes. No total a Veterana atuou onze vezes no antigo Estádio Soares de Azevedo. A última delas foi em 1979 contra o Nacional de Muriaé pelo Campeonato Mineiro, também empate em 0 a 0. Em 2005 o estádio foi demolido e em 2014 um novo estádio com o mesmo nome foi inaugurado em um terreno a 4 km de distância do original.
No jogo contra o Tombense será a primeira vez que a Caldense atuará oficialmente no local. Em março de 2020 o time realizou um treino no estádio, em um coletivo apronto para jogo diante do próprio Tombense, o último antes da paralisação do estadual por conta da pandemia.
Foto 1: Antigo Estádio Soares de Azevedo (Acervo: História do Futebol).
Foto 2: Atual Estádio Soares de Azevedo (Divulgação).
27/02/1972: NACIONAL DE MURIAÉ 0-0 CALDENSE
Motivo: Torneio Classificatório para o Campeonato Mineiro 1972 (Ida).
Local: Muriaé-MG, Estádio Soares de Azevedo. Domingo 15h
Juiz: Abel Santos
Auxiliares: Simão Waxman e Waldemar Firme
Público: 3020 pagantes
Renda: Cr$ 8.328,00
Caldense: Eduardo; Hildo, Buzuca, Neto, João Preto; Toninho, Jota Lopes, Serginho; Paulinho (Carlos Roberto), Dario Alegria (Militão), Ganzepe. Técnico: Juquita.
Nacional: Flávio; Paulinho (Louro), Sabará, Vicente, Danilo; Mansur, Zé Roberto; Beto, Gonzaga, Resene, Amauri.