Há exatos 20 anos, no dia 05 de maio de 2002, a Caldense se tornou campeã mineira. Foi a primeira e única vez que um time de longe da região metropolitana de Belo Horizonte conseguiu alcançar esse feito. A vitória contra o Nacional de Uberaba por 2 a 0 culminou na conquista do tão sonhado título.
A semana de preparação para o jogo que poderia confirmar o título da Veterana foi marcada pela ansiedade. A concentração para a partida aconteceu em um hotel de Poços. Os jogadores não viam a hora de entrar em campo, alguns mal conseguiram dormir.
O time costumava chegar ao estádio duas horas antes do inicio da partida, sempre fazendo o trajeto pela Avenida João Pinheiro. Mas a fim de evitar trânsito, foi feito uma rota diferente.
Quando o ônibus chegou ao estádio, não conseguiu entrar, de tanta gente nos arredores do Ronaldão. A delegação da Caldense teve de descer e andar em meio a multidão, do ginásio Artur de Mendonça até a entrada do vestiário. Ali os atletas já absorveram toda uma energia positiva dos torcedores e se empolgaram ainda mais.
Na preleção, o foco foi sobre não deixar escapar a oportunidade. Os que tiveram a palavra naquele momento frisaram o desejo de fazer história e sintetizaram seus sonhos em palavras, que foram suficientes para emocionar e motivar o elenco para a partida.
A Veterana entrou em campo pilhada, as arquibancadas estavam superlotadas e o Nacional vinha com “motivações extras”. Logo aos quatro minutos, em grande lance pela esquerda, Gustavinho bateu cruzado e abriu o placar. O estádio foi a loucura. O gol deu uma tranquilidade para a equipe. O primeiro tempo acabou sendo morno, com a Caldense administrando as ações.
Durante o intervalo, o papo foi de cobrança. Os jogadores sabiam que precisavam marcar mais um para não correrem riscos. No início da segunda etapa, alguns atletas começaram a sentir a parte física devido à forte marcação e até mesmo o desgaste da temporada, mas tinham de se superar.
A noite já chegava, os refletores se acendiam. O goleiro Gilberto repõe a bola em jogo com um chutão para o ataque, Carioca mata no peito e toca para Inca, que deixa de lado para Joílson. O jogador vê Zezinho se movimentando e passa para o baixinho. O marcador tenta roubar a bola, mas fica na saudade. Zezinho arrisca um chute de fora da área, o goleiro gasolina espalma. O rebote sobra na pequena área para Carioca. A torcida se agita, o banco de reservas se levanta. O atacante chuta. Um silêncio ensurdecedor reina por um milésimo de segundo. A rede se estufa, é gol. O tão sonhado gol do título.
A emoção é enorme, a ansiedade é imensa. O árbitro apita e a Caldense é campeã mineira. A torcida invade o campo, leva a roupa dos jogadores, tufo de grama, pedaço de rede. Uma festa generalizada. Os jogadores desfilam no carro do corpo de bombeiros, foguetes para todos os lados. O resto é história.